Geração diversidade

Tudo foi feito para que a orientação sexual diferente não fosse descoberta: o futebol com os meninos, as aventuras com meninas nas festas do colégio. Só que o desejo "proibido" falou mais alto e tudo começou a mudar. A proximidade com as meninas virou amizade confidente e a conversa já é sobre os meninos da turma. Surgiu uma paixão por um colega da turma que tornou-se irresistível.
Os conflitos serão inevitáveis, mas a aceitação de si mesmo começa a ser o caminho mais fácil para uma vida tranquila. A turma dos meninos já suspeita da mudança e o preferido da turma já sente que ele é o escolhido. Não há nada a fazer do que deixar os acontecimentos fluirem sem precipitações. O mundo não mudou completamente, mas os meninos da turma estão mais para achar aquela situação engraçada do que partir para agressão.
As brincadeiras não terão o tom de dez anos atrás. Será comum que um deles escolha um da turma para dizer que a pessoa de orientação sexual diferente está apaixonada por ele. O alvo das brincadeiras será um dos meninos a partir do colega gay. Os mais ousados vão dizer inclusive declarações de amor da boca pra fora pelo puro interesse que a diferença sexual provoca na geração de hoje.
A turma que suspeitava, agora tem quase que toda certeza. As meninas serão as primeiras a aceitar e contribuir com tudo pela superioridade emocional delas em relação aos meninos. A melhor amiga vai inclusive ajudar o amigo gay a conquistar o colega por quem ele se apaixonou. O escolhido vai se sentir o máximo ao descobrir que, mesmo sendo um gay, alguém nutre por ele uma paixão avassaladora. Na frente da turma ele ficará mais contido, mas se os dois se encontrarem no bairro onde moram é bem provável quedesejos sexuais sejam saciados.
Que ninguém se engane, mas a equipe do Núcleo de Orientação está sentindo toda aquela pulsação e terá um papel importante quando for preciso interferir em caso de agressão verbal, violência ou constrangimento, o que não é impossível. Adolescentes são imprevisíveis, mas a geração jovem de hoje tem uma visão da homossexualidade compltamente diferente da dos pais. Eles cresceram vendo romances gays nas novelas, eles torceram por Jean Wyllys no Big Brother Brasil 5, eles são diferentes. Uma diferença que leva a uma vida mais saudável, de respeito ao outro, de diversidade em tudo - roupa, música, esportes - e, claro, diversidade quando o assunto é sexo.