segunda-feira, 28 de junho de 2010

Entre Nós


O fim de Saramago foi como o fim de qualquer homem, inerte, abatido pelo tempo, um entre muitos de todos os dias. Em grande parte o que diferenciava dos outros, não eram suas formas, mais o caráter imperativo da sua alma.

Saramago decodificava o mundo em historias incríveis, adoráveis parábulas sobre os vícios e as virtudes dos homens e das mulheres, porque sabia, em sua obra eterna, diferenciar os gêneros com a mesmíssima régua critica.

Saramago era antes de tudo um homem integro as nos levar em fantasias intelectuais. Um leitor simples como somos todos nós, pode deslizar feliz por seus longos parágrafos de diálogos nus, sem aspas, nem travessões, só frases anunciadas com uma letra em CAIXA ALTA, como se os interlocutores nunca respeitassem para retrucar.

Saramago inseriu de fato sobre a língua portuguesa, na literatura universal uma mente irresistível e donos de livros amados e cultuados em todos os cantos do mundo.

Era um comunista apaixonado, divinamente ateu, era também um estrondo de alegria, embora optasse sempre por uma certa melancolia.

Generoso, nos deixou duas jóias terminais, " A viagem do elefante" e "Caim" , o primeiro sobre o tempo dos homens e o amor pelos bichos, o outro das contradições e da precariedade da fé. Vieram como as ultimas ondas de um mar vigoroso, mas de águas suaves.


A alma de Saramago partiu-se em mil fragmentos para mim antes de ele virar pó.


Sabê-ló morto deixou-me eternamente mais triste.


Palavras de Leandro Fortes


Adaptação de Sue Ellen Silva.


Um comentário:

Wilton Alexandre disse...

oi Su,

Estou aqui retribuindo a visitinha que fez em meu blog. Estou orgagnizando a vida depois da perda de meu comapanheiro e junto, a perda de todos os meus bens que adquiri junto com ele. Mas na medida do possivel respondo aos amigos e seguidores.
Gostei do seu espaço de expressão.

Bjin